O duro regresso

26.08.2010

Depois das férias nem sempre é fácil retomar a rotina laboral. São cada vez mais os profissionais que no momento do regresso se deparam com sintomas de irritabilidade, perturbações do sono ou disfunções alimentares. É a angústia do regresso a que a ciência já apelidou de síndrome pós-férias.

Insónias, distúrbios alimentares, apatia, irritabilidade, nervosismo, agressividade, cansaço e fadiga extrema são apenas alguns dos sintomas com que poderá ter de lidar no seu regresso de férias. Sintomas que materializam a velha, e satírica, máxima que defende que o pior das férias é mesmo o regresso ao trabalho, mas que preocupam cada vez mais empresas em todo o mundo. Os especialistas batizaram este quadro de mau estar físico e psicológico de Síndrome Pós-férias. Os seus impactos na produtividade das empresas são tais que por cá, já há organizações que recorrem aos serviços de empresas especializadas na conciliação da carreira com a vida pessoal e familiar para, através dos seus gabinetes de psicologia, ajudarem os colaboradores a minimizar o impacto deste duro regresso.

Segundo dados da Albenture, uma empresa que atua na conciliação da vida profissional e pessoal, estima-se que um em cada três trabalhadores portugueses dos 25 aos 40 anos sofra dificuldades no regresso à vida real e as rotinas profissionais depois das férias. Marta Chelinho, psicóloga da Albenture Portugal, fala de sintomas como a tristeza, o mau humor, a agressividade ou as alterações dos padrões do sono que “sendo cada vez mais rotineiros entre os trabalhadores que experienciam uma reação adaptativa (por vezes difícil) ao trabalho, preocupam cada vez mais as organizações e provocaram um aumento da procura dos psicólogos e especialistas da Albenture para ajudar os colaboradores a ultrapassar esta situação”.

E se em Portugal há muito poucos estudos sobre esta temática, as inspirações provenientes do Brasil e Espanha, permitiram já traçar com precisão a sintomatologia deste síndrome. “A Síndrome Pós-férias, caracteriza-se por um quadro de mal-estar geral constituído por sintomas físicos e psicológicos que surgem no período imediatamente a seguir às sérias, ou até mesmo nos últimos dias do período de descanso”, explica Marta Chelinho. A psicóloga enfatiza que não se trata de uma depressão até porque, como refere, “a depressão é um quadro clínico bastante mais grave e prolongado no tempo. A Síndrome Pós-férias, apresenta-se como um conjunto de sintomas que surgem devido a um acontecimento ou situação indutora de stress e que, regra geral, é ultrapassada em poucos dias ou, no limite, entre duas a três semanas”.

Segundo um estudo da SemFYC – Sociedad Española de Medicina de Família y Comunitária , as mulheres são mais afetadas que os homens por esta síndrome, talvez pela necessidade de conciliação das rotinas familiares e de uma cada vez maior exigência profissional. Por outro lado, o mesmo estudo revela que os trabalhadores com menos de 45 anos são os mais afetados por estes sintomas. Diz Marta Chelinho que “este grupo é, regra geral o que apresenta expectativas mais elevadas em relação às férias e às atividades que vão realizar”.
Ainda que a Síndrome Pós-férias não afete todos os trabalhadores de igual modo “até porque temos todos resistências diferentes ao stress e diferentes formas de aproveitar os benefícios das férias”, Marta Chelinho frisa que são evidentes as razões que sustentam estes sintomas. “No período de trabalho estão muito presentes no dia-a-dia as nossas rotinas, os horários, as tarefas domésticas, as horas de sono reduzidas e o afastamento das pessoas que gostamos por maiores períodos de tempo. Tudo isto faz com que o organismo que está sujeito a pressões tenha de se adaptar a estas regras, não podendo funcionar de forma livre e natural, como sucede nas férias”.
Com a chegada do período de férias, refere a psicóloga, “os horários são mais flexíveis, há mais tempo para organizar tarefas, descansar, partilhar bons momentos com a família. Um relaxamento que se espelha num claro bem-estar interior”. O regresso ao trabalho constitui, por isso, uma situação indutora de stress pela readaptação biopsicológica que exige. Há sinais claros e evidentes de que pode sofrer de Síndrome Pós-férias (ver caixa), mas também há formas de evitar esta situação.

Programar as férias antes de mais em termos financeiros, para que isso não constitua um problema extra, regressar a casa pelo menos dois a três dias antes do término das férias para que se possa reorganizar nas tarefas quotidianas e no relógio biológico para que o regresso ao trabalho não seja tão abrupto, são pontos-chave na opinião da psicóloga da Albenture. Mas Marta Chelinho aconselha ainda que se inteire junto dos colegas de trabalho do que aconteceu na sua ausência, o que há para fazer e estabelecer prioridades para os primeiros dias de trabalho. “Se possível, recomece o trabalho regulando a intensidade da sua atividade aumentando gradualmente o volume de tarefas”, aconselha.
Por outro lado, “o bem-estar psicológico depende diretamente de uma atitude positiva e da consciência de que este mal-estar é passageiro e próprio dos primeiros dias de trabalho”, frisa Marta Chelinho que enfatiza a necessidade de planear atividades gratificantes, de partilha e fortalecimento das relações afetivas durante todo o ano, de modo a que não se tenha a sensação de que as férias são um bem-estar completamente oposto ao período de trabalho. Importante é que as pessoas que são muito afetadas por este regresso não devem tomar decisões importantes sobre o seu futuro profissional, até se sentirem perfeitamente integradas na rotina da empresa.
Ao intervir junto das empresas no domínio do combate à Síndrome Pós-férias, a equipa de psicólogos e especialistas da Albenture ajuda os profissionais a programas as diversas tarefas da sua vida, reduzindo as suas preocupações e permitindo que o regresso ao trabalho decorra de forma tranquila. “Procuramos perceber aquilo que preocupa os profissionais, seja no quotidiano laboral ou na vida familiar, as tarefas que tem para tratar, intervindo diretamente na resolução destas questões”, explica Marta Chelinho. Tudo porque as empresas já perceberam que ajudando os seus funcionários nas tarefas do quotidiano estão a permitir que eles dediquem mais aos objetivos da organização.

E você?
O síndrome pós-férias não é uma depressão, mas se negligenciado pode ter repercussões sérias na vida dos trabalhadores e no seu desempenho laboral. Confira os principais sintomas:

. Cansaço extremo após as férias;
. Fadiga;
. Falta ou excesso de apetite;
. Sonolência excessiva;
. Insónias;
. Dores musculares;
. Falta de concentração;
. Quebra de produtividade;
. Vómitos;
. Apatia;
. Nervosismo;
. Inquietação;
. Pessimismo;
. Tristeza;
. Irritabilidade;
. Agressividade.

Fonte: http://aeiou.expressoemprego.pt/Artigo.aspx?ArtigoId=2279

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